segunda-feira, 8 de novembro de 2010

camuflagens

segunda-feira, 8 de novembro de 2010 0
Outro dia estava lendo uma crônica, acho que era de Martha Medeiros - se eu não me engano, que ela questionava, por que nos apaixonamos, afinal de contas?! Nada mais é do que uma seguna chance, não só de amar novamente, mas uma oportunidade de não cometer os mesmo erros. 

É o famoso começar de novo, no entanto é um começar de novo da gente para gente mesmo. Serve para camuflar aqueles fatídicos defeitos que só serviram para naufragar a relação passada, como a Martha afirmou " uma chance de você ser quem você não conseguiu ser até agora". Aí eu fico pensando, será que conseguimos realmente fazer isso?! Eu pelo menos sou um desfalce total, esse negócio de camuflar defeitos, infelizmente, passou direto por mim!

Estou em uma fase que estou pensando - acho que no fundo estou escrevendo se é possível  realmente mudar -  "se alterar" é nocivo, será que em algum ponto a gente vai deixar de ser nós mesmos em nome de uma melhoria, só para conquistar um novo alguém. Um novo amor é um processo curioso de autoafirmação - do melhor e pior de nós - é um processo que todo sorriso, comentário, opinião, tudo - simplesmente tudo - é válido e não pode ser deixado esquecido no quarto dos simples comentários. 

Sim, nos temos o infeliz quarto dos banais comentários que é condenado ao esquecimento ou a indiferença depois de um tempo de relação. O barato do novo alguém que esse quarto é supervalorizado, rola um "boom" imobiliário. Tudo que é dito fica guardado e usado no intuito de melhorar a relação. 

Bem, afinal de contas, nos apaixonamos por que mesmo? Eu acabei não descobrindo muito, apesar de achar que criar uma melhor versão de mim em nome da minha fecilidade seja uma boa opção - amadurecimento, maybe. Corrigir o que foi feito de errado como rendenção, como tentiva de crescer sempre é bem-vindo nas relações, mas eu continuo a me perguntar se eu me novamente por mim (para me perdoar) ou por conta da arritmia que sinto quando o vejo. 

Resumindo, temos que redimir aos nossos olhos para sermos felizes?

sonhadores ou iludidos?

Revi, pela milésima vez, e acabei tentada a "externalizar" meu encanto por Os Sonhadores, de Bernardo Bertolucci. O diretor faz uma sátira velada a revolução na primavera de 1968, foi em defesa de uma causa válida, no entanto foi essencialmente burguesa, e por si só, cunhada de futilidades.

Quando menciono futilidades me refiro aos ideais torpes, os quais entre safras caras de vinhos, a voz estridente de Japolin, um confortável imóvel na custosa Paris, protagonistas dissertando sobre Mão Tsé-Tung e sua legião (lê: se: exército) punhando os livros vermelhos fazendo uma revolução "com livros e não armas". Ou seja, é fácil ser revolucionário ainda mais em uma situação similar de comodidade onde se caracteriza uma geração pseudo-revolucionária. Com uma tríade amorosa tendo a função de gancho da história onde o erotismo, incesto, discussões inflamadas e uma paixão comum pelo cinema criam uma atmosfera sedutora e, por vezes, intrigante.

Recheado de cenas bem elaboradas com jogos de câmeras (não me atrevo a menções técnicas! rs) e referências a filmes como Bande à Part de Godard em cenas encarnadas pelos atores e amostras das mesmas no original,  a película só faz somar nesses momentos .  A tendenciosa relação homossexual dos personagens não revelada e somente subtendida e a omissa educação dos seus pais permitindo todos os acessos inimagináveis (e pensar que hoje jovens como eles são os alicerces da democracia francesa) de seus filhos é uma ponte de reflexão para que a gente possa pensar até que ponto a permissiviadade pode ser confundida com liberdade. 

No entanto, o que mais chama a minha atenção é obsessão pela juventude de Bertolucci, o que é novo é  instigante aos seus olhos. Os Sonhadores acaba sendo mais do que filme trincado de bons diálogos, de idolatria ao belo, citações aos clássicos do cinema contemporâneo, mas também uma infindável crítica a nossa sociedade, uma sociedade que finge tudo. Da indignação à felicidade
 
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